domingo, 23 de junho de 2013



Soldado  por Obrigação

Hoje  vou entrevistar Serafim Cardoso, um soldado português que prestou serviço na Guiné, pelo regime Salazarista.

1.   Sabemos que nessa altura Portugal estava a passar pela ditadura Salazarista. Que idade tinha quando foi recrutado para a Guiné? Deixou alguém em Portugal?
Fui para a Guiné em 1972 deixei cá ficar em Portugal uma filha com cerca de um ano, a minha mulher e familiares.

2.   Em áfrica, na Guiné, havia muita pobreza. Conseguiu testemunhar isso?
Sim, havia muita pobreza por estarmos em guerra e havia muita mortalidade infantil, sobretudo por falta de assistência médica. Em guerra há sempre muita miséria e muita pobreza.

3.   O senhor era a favor dessa guerra? Porquê?
Não, eu era contra, porque a guerra nunca deu felicidade a ninguém e era uma guerra que não tinha justa causa. Fui para lá obrigado.
4.   Pode dar-nos uma ideia de como eram as coisas por lá? O que tinham os militares como tarefa?
As coisas por lá estavam muito acesas. Os militares tinham de defender o poder na Guiné e procurar ajudar a população.

5.   Quais foram as coisas que mais lhe custaram fazer?
Fazer fogo sem, por vezes, vermos o chamado inimigo. Fazê-los prisioneiros nas suas próprias terras, pois era a vida deles ou a nossa.

6.   Muitos soldados depois de virem da Guiné conseguiram ter apoio psicológico. Foi um dos que teve de recorrer a esse apoio?
Sim muitos tiveram apoio psicológico, no meu caso foi familiar.

7.   O que foi o 25 de Abril de 1974 para si? Onde estava?
Foi o virar de uma página negra, olhar para o futuro e sorrir, foi lindo. Na altura estava de férias, tinha terminado a missão na Guiné.
8.   Como se sentiu quando soube que tinham conseguido com que Marcelo Caetano se rendesse?
Era o último obstáculo que tinhamos. Foi bom porque assim terminou a ditadura.

9.   O que para si mudou depois do 25 de Abril?
Tantas coisas boas: o fim do fascismo; fim das perseguições políticas; a libertação dos presos políticos; o fim da censura; a existência da liberdade de expressão; mais respeito pelos trabalhadores; melhoria nos sálarios; democracia.
10.                Se tivesse que descrever o 25 de Abril numa palavra, qual seria?
Liberdade.

Raquel Pereira nº17 8º1

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